Retrospectiva anos 2010: 2010

Faltam 10 dias para o fim de 2019 e, apesar de ter sido um ano ruim pra maioria, devo dizer que contrariei as estatísticas, numa mistura de sorte, esforço e talvez destino. Pensando nisso, resolvi voltar pro meu blog abandonado (uma das minhas metas para o próximo ano, inclusive) e pensar um pouco da minha trajetória nos últimos 10 anos. Cada post vai ser sobre um ano e começo com 2010. Bora acompanhar comigo?
Comecei 2010 indo para Porto Seguro em janeiro com uma amiga e uma amiga dela. Aquilo era surreal. Sempre ouvi dizer que Porto era uma loucura, e eu que sempre fui mais quieta nunca me imaginei numa viagem dessa, mas fui. Sempre fui muito travada e fechada e estava numa fase em que queria me soltar mais, mas confesso que aproveitar tudo que Porto Seguro tinha a oferecer seria um desafio. Eu era uma adolescente tímida e nunca tive vocação pra ser popular ou fazer amizades facilmente no banheiro de uma festa (ou em qualquer outro lugar, na verdade). Já minha amiga era o oposto e era uma referência para mim de como eu deveria ser. No fim das contas tirei fotos fazendo caras, bocas e poses, curti show de axé e pagode, dancei desajeitadamente e ouso falar que quase quase aprendi coreografia com os dançarinos do Axe Moi. 



Mas 2010 foi meu último ano de Ensino Médio. Ano que eu tive que engolir o orgulho e mudar de escola depois de duas bombas, e tive que ver meus amigos entrando na faculdade enquanto eu, com 18 anos, começava o terceiro ano. Até o ano anterior eu estudava em uma das melhores escolas de Belo Horizonte, e aqueles que não eram bons o suficiente e tomavam bomba mudavam para a outra. Eu mudei para a outra. Depois da segunda bomba. Tenho que dizer que não foi fácil, acabei me afastando de colegas da escola em que estava antes por vergonha de admitir que eu, que sempre fui boa aluna estava naquela situação. Parecia a pior coisa que poderia me acontecer. Fiz uma prova para não precisar repetir o segundo ano e poder ir direto pro terceiro, o que era bom, mas a condição para que isso fosse válido é que eu não saísse da escola antes do final do ano letivo. Ainda no ônibus, indo para o primeiro dia de aula, conheci uma menina, cujo nome não me lembro. Ela estava com o mesmo uniforme, puxou conversa comigo e descobri que também era o primeiro dia dela naquela escola e que também entrava no terceiro ano. Chegando lá, descobri que seria da minha sala. Acabamos não ficando amigas, mas foi bom não chegar completamente sozinha.
Confesso que não tenho muitas lembranças de como foram os primeiros dias: eu me assentava nas primeiras cadeiras, como sempre, e não puxava assunto com ninguém. A minha timidez sempre falou mais alto. Não sei como ou quando acabei fazendo um grupo de amigos, os nerds que também sentavam nas primeiras carteiras e tiravam notas boas. Minhas notas eram sempre as maiores, não só da sala, como de todas as quatros turmas de terceiro ano e fiquei em primeiro lugar em todos os simulados de vestibular. Eu ainda não sabia o que queria pra faculdade, jornalismo talvez, mas sabia que não queria estudar em Belo Horizonte. USP ou Unicamp eram os meus objetivos. No meio do ano acabei decidindo estudar Letras. Fazia questões de vestibular por conta própria para estudar e levava as dúvidas para os meus professores. Por causa das notas altas, ganhei um cartão verde que me dava direito de sair da escola na hora que quisesse. Às vezes matava aula de história para tomar um café no California Coffee. Eu não gostava das aulas e elas costumavam ser logo antes ou depois do recreio, o que dava um intervalo bom.
Certa vez esqueci a carteirinha da catraca para entrar na escola. O combinado era que podia esquecer duas vezes e, na terceira não poderíamos entrar na escola, mas diretor mandou quem havia esquecido a carteirinha aquele dia para uma salinha e disse que teríamos que voltar pra casa. Era a primeira vez que eu esquecia a minha carteirinha e não achei justa aquela situação, brigamos na frente de todos os alunos que estavam chegando para a aula, levantei a voz, disse que aquilo não era o combinado e  eu não aceitaria ser mandada pra casa. Em certo momento ele disse que eu não tinha que aceitar nada, e, na frente de todo mundo, pediu na secretaria – que ficava logo ao lado das catracas -  o papel para que eu assinasse o meu desligamento da escola. Lembro que passou um filme pela minha cabeça, eu teria que voltar para o segundo ano e minha vida escolar estaria definitivamente arruinada. Mas eu não aceitei fazer nada sem meus pais e liguei imediatamente para eles. Fui mandada para uma sala onde fiquei sozinha até que meu pai chegasse. Nesse meio tempo o diretor descobriu quem eu era e que eu tinha as maiores notas de toda a escola. Quando meu pai chegou, me pediu desculpas e disse que foi tudo um grande mal entendido.
No fim das contas, acabei me envolvendo superficialmente também com as outras pessoas da escola, frequentei as festas do terceiro ano, participei dos Dia D, fui pra Porto Seguro novamente em julho,  participei do baile de formatura e fui a oradora da turma. Sobrevivi e não foi tão ruim assim. Ainda não morro de orgulho de ter precisado trocar de escola e sinto um pouco pelas coisas que deixei de viver na outra, mas entendo que uma fase necessária e cheio de aprendizado.






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