Retrospectiva anos 2010: 2013
O primeiro semestre de 2013 girou todo em torno da ideia do
intercâmbio. Fazer um intercâmbio sempre foi meu sonho meu e ele começava a
ficar real. A minha orientadora – aquela mesma que me fez ir para o italiano – me
dizia sempre sobre o quanto era uma experiência importante em todos os sentidos:
pessoal, acadêmico e profissional. Ela tinha estudado em Siena e me passou esse
desejo de morar lá, pois era uma cidade que amava. Eu também havia como opções Roma,
Bologna e Napoli. Uma outra professora me disse que eu deveria ir pra Bologna
pois era uma cidade viva, cheio de jovens, festas etc. mas aquilo só me fez ter
certeza de que eu não queria ir pra lá e, àquela altura, embora
tenha me inscrito para Roma e Siena, meu coração já sabia que minha cidade era
Siena.
Como eu havia tirado o Celi no ano anterior, não precisei fazer
a prova de língua, passei em primeiro lugar na primeira fase, análise de currículo, tanto pra Roma quanto pra Siena, e praticamente só tive que fazer a entrevista. Éramos somente
seis pessoas fazendo as entrevistas e eu sabia que passaria, mas o grande ponto
era pra onde. Tinha vinte vagas pra Roma e somente duas pra Siena (e três
candidatos) e fui para a entrevista focada na Universidade que eu queria. A
entrevista foi bem tranquila, o italiano não era problema, a professora que fez
a entrevista era a mesma que tentou me convencer a ir pra Bologna e eu estava
bem à vontade. No dia 28 de junho de 2013 o resultado: fui aprovada em primeiro
lugar no intercâmbio para Siena! A má notícia? Seria somente no segundo semestre
de 2014 e, portanto, mais de um ano de espera. Paciência! O bom é que eu teria
tempo pra me organizar, planejar tudo e terminar meu contrato no CENEX antes de
ir.
Em setembro participei como bolsista da IV Semana de Música Antiga
da UFMG – Bizzarie Alegorica, um evento promovido pela Faculdade de Música.
Foi nesse evento que fiquei conhecendo a música barroca, que acabou virando
minha marca registrada depois. Foram duas semanas intensas de trabalho, antes e
durante o evento, mas foi uma oportunidade incrível de conhecer pessoas, estar
em contato com a arte e desligar um pouco de tudo o que estava acontecendo fora
dali. No último dia do evento fomos a Tiradentes para os últimos workshops e
visita à cidade. Eu estava com a organização do evento e vários músicos, do
Brasil e do exterior, e devo dizer que foi uma oportunidade única de estar em meio a tanta gente que hoje admiro e sou fã.
No dia
seguinte meu ex terminou comigo.
Ele nunca aceitou bem a ideia do intercâmbio. Embora dissesse que me apoiava, sempre fechava a cara quando eu tocava no assunto ou tentava
sutilmente me convencer do contrário: eu podia fazer um outro curso curto de línguas,
ou podíamos tentar juntos um intercâmbio para Portugal ou Estados Unidos. Chegamos
inclusive a ir em agências para olhar cursos de inglês no exterior, mas no fundo eu sabia
que aquelas coisas não faziam sentido e eu tinha mesmo é que ir pra Italia. Me inscrevi na seleção e fui
fazendo cada etapa contando pra ele só por alto, como uma casualidade qualquer.
Por outro lado, a cada passo eu ia correndo contar pra minha orientadora, que
me dava mil dicas, conselhos e sonhava junto comigo. Ela foi uma das primeiras
a saber que eu tinha passado na seleção e casualmente contou para o meu ex.
Estávamos eu e ele na cantina quando ela passou e perguntou pra ele se estava
feliz com a notícia. Ele me olhou sem entender do que ela estava falando e rolou aquele momento de tensão
enquanto ela saía de fininho. Aquele foi o começo do fim. A partir daquele
momento o relacionamento ficou insustentável e terminamos pouco antes do meu
aniversário, logo que voltei de Tiradentes, dois meses depois.
Não digo que foi um término fácil. Embora hoje eu veja o
quanto fosse uma relação problemática, na época eu não tinha essa consciência. Eu
estava com vários quilos a mais, e claramente tinha sido bem desleixada comigo
mesma nos últimos meses. Meu ex não gostava quando eu me arrumava demais. Basicamente
todas as minhas amizades da faculdade eram os amigos dele e acabei ficando
praticamente sozinha após o término, mas, durante a seleção pro intercâmbio, conheci
a Marcela e foi ela que esteve ao meu lado nesse período. Aos poucos começamos
a sair, e comecei a me soltar, a me divertir e a me dar conta de tudo que eu
tinha perdido nos mais de dois anos de namoro. Teve festa de faculdade, show dos
Moveis Coloniais de Acaju e viagem a Ouro Preto com ela, confraternização
de natal dos professores do Cenex e aos poucos fui aprendendo a lidar com a
falta do ex e da nossa rotina.
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