Ilha do Mel

Sabendo que estaríamos perto da Ilha do Mel, programamos nossa ida para o dia seguinte à nossa chegada em Pontal do Sul. Descobri que a Ilha é dividida em duas partes principais: Nova Brasília e Encantada e, no momento de pegar a barca é possível escolher o local do desembarque. Por acaso uma ex-aluna minha estaria em uma pousada perto do Farol, em Nova Brasília, e sabendo que não conseguiríamos explorar toda a ilha em um dia só, decidimos pegar a barca para Nova Brasília e encontrá-la.

A barca regular sai a cada 30 minutos e custa R$30 por pessoa, ida e volta. Vendo a fila enorme e a muvuca dentro das barcas optamos por pegar uma lancha, que não é daquelas lanchas de luxo, mas é um barco menor, pra menos gente, e a travessia é mais rápida, durando cerca de 10 minutos. O custo por pessoa é de R$50, ida e volta. 



Chegando lá seguimos as trilhas até a Praia do Farol. É uma praia linda e estava praticamente deserta. Até demais. Estava um calor insuportável e por ali não tinha um guarda-sol ou comidinhas e água pra comprar e não parecia muito convidativa. O plano então era subir ao Farol e seguir depois até a Praia de Fora, onde estaria a minha aluna, mas fomos vencidos pelo calor, contornamos o Farol e fomos direto pra praia.




A Praia de Fora conta com uma boa estrutura, é possível alugar guarda-sóis e pedir comidas e bebidas na praia, das pousadas que ficam por lá, dentre as quais a Pousada Astral da Ilha. Pegamos cadeiras e guarda-sol com eles: com R$150 de consumação, o empréstimo seria gratuito. Embora fosse um valor meio alto pra duas pessoas, tudo na Ilha é muito caro e não seria tão difícil atingir esse valor. Nossa outra opção era alugar com um pessoal na praia e, nesse caso, o aluguel de guarda-sol ou cadeira sairia por R$10 a peça, ou seja, gastaríamos R$40 por duas cadeiras e dois guarda-sóis, fora consumação. Preferimos gastar os R$150.

Acabamos encontrando minha aluna por acaso, nos acomodamos na praia e não demorou muito pro primeiro pulo no mar! O dia estava lindo, super quente e a água deliciosa! Obviamente, por ali tinha mais gente que na Praia do Farol, mas ainda conseguimos ficar afastados de outras pessoas. Em certo momento chegou um grupo grande de jovens, aglomerados e com uma caixa de som alta, mas nessa hora migramos pra longe e ficou tudo bem!


Foi um dia ótimo! Super relaxante e ainda matei um pouquinho a saudade da minha aluna! Pra voltar para Pontal, tínhamos que ligar para reservar nosso lugar na lancha com uma hora de antecedência. O plano era pegar a última lancha do dia para curtirmos o máximo possível, mas por volta das 15h o tempo começou a fechar. Como o tempo no Paraná, ainda mais na Ilha, é imprevisível, resolvemos pegar a lancha seguinte para evitar qualquer problema como uma eventual tempestade de raios. A própria atendente disse que a chuva não a preocupava tanto, mas o vento sim e o vento estava chegando forte. Acontece que eu e minha aluna havíamos pedido uma Caipirinha de Hibisco, um drink típico da pousada que demorou horrores pra chegar. O drink era enorme e eu tive que tomar super rápido pra dar tempo de pegar a lancha de volta pra Pontal de Paraná! Então, assim que terminei de beber, pagamos a conta e fomos pro píer pegar lancha.


O primeiro contratempo foi a vontade de fazer xixi. Chegamos no píer uns 5 minutos antes da saída da lancha, e tinha um banheiro por lá, cujo uso custava R$2. Eu estava super apertada e achei que valeria a pena pagar. Paguei e entrei na fila. Tinha uma pessoa dentro e outra na minha frente. Acontece que quando a pessoa saiu entrou uma menina, que não estava na fila, e demorou horrores, então não ia dar tempo de eu esperar. Respirei fundo e deixei pra lá. Pegamos a lancha, que dessa vez era como uma barca um pouco menor, e logo em seguida ela saiu, mas, antes de voltar pra Pontal, a lancha fazia uma parada rápida em Encantadas. Chegando lá, o pier estava meio congestionado e já foi meio devagar pra conseguir encostar. E então, ao longo do sobe e desce de pessoas, a lancha balançava, e balançava leeeeeentamente, subindo e descendo. O drink começou a fazer efeito e comecei a ficar tonta com o balanço do barco. O Marcus aproveitou a parada pra colocar coletes salva-vidas em nós dois e éramos os únicos usando, ainda que o céu estivesse escuro, ventasse muito e o mar estivesse super agitado! A lancha partiu e balançava horrores. Tinha uma espécie de toldo pra proteger da água e como não estava tão ventilado, comecei a suar frio e tive certeza que ia vomitar. Tirei o colete que estava me sufocando e o Marcus, mesmo que eu estivesse de costas pra ele tentando pegar um ar pelas frestas do toldo, viu que tinha alguma coisa errada e só apertou minha mão com força, o que foi confortador. A volta pareceu interminável, mas cheguei inteira e me recuperei logo que pisei em terra firme sem maiores incidentes!


Fomos andando direto pro restaurante do primeiro dia comer alguma coisa, já que até então só tínhamos beliscado umas batatinhas-fritas na praia. Então a chuva veio, mas tão rápido quanto veio, foi embora. Mas o céu estava carregado e o vento forte. As pessoas dos bares próximas acumularam todas ali, que era o único lugar coberto, e ficou bem cheio. Além disso não demorou muito pra um cara com um violão e um amplificador começar a cantar, então comemos e fomos embora o mais rápido possível. Passamos em um quiosque, pegamos um sorvete e fomos seguindo pra pousada pela rua, o que daria uma caminhada de dois quilômetros. Acontece que era uma rua meia estranha e isolada e eu, no auge da minha mineirice, sugeri que fôssemos pela beira da praia, ainda que fosse um caminho um pouco mais longo. O Marcus topou e, embora o tempo ainda estivesse meio fechado, sugeriu que ainda poderíamos sentar um pouquinho na areia antes de voltar pra pousada, como fizemos na véspera. A rua era separada da praia pela restinga e, a partir do momento que decidíssemos ir por um caminho ou por outro, não teria mais volta.

E assim fizemos. Fomos até a praia e começamos nossa caminhada. O tempo voltou a fechar e o céu estava cada vez mais carregado. Não andamos muito até passar os bares e chegar no pedaço da praia onde tinha praticamente só uns pássaros e era raro ver alguém. E ainda estávamos longe da pousada. O vento foi piorando e começou uma tempestade de raios. Estávamos num ponto que não tinha mais acesso à rua e nossa única opção era seguir. Se já estava difícil ver pessoas antes, em certo ponto não tinha ninguém, não tinha nenhum lugar para nos protegermos dos raios ou de uma eventual chuva e só nos restava apertar o passo para tentar chegar logo. A aquela altura, meu short já estava me dando assaduras e eu estava com um calo aberto entre os dedos por causa do chinelo e cada metro caminhado era uma vitória. No meio do caminho tinha um senhor sentado numa cadeira de praia sozinho, numa área super isolada. Cheguei a achar que fosse visagem, mas acabei de ver que ele aparece em fotos do quase-apocalipse!

Nem parece o mesmo céu das outras fotos!

Olha o homem sentado ali à esquerda...

A chuva forte nos pegou logo que conseguimos deixar a praia, mas já estávamos a pouco metros da pousada e conseguimos chegar inteiros, embora mortos de cansaço! Segundo o celular, foram mais de 11 quilômetros de caminhada no dia. E mais uma vez eu estava com uma história e tanto pra contar...




Comentários

  1. Está caminhada me lembrou aquela na Serra do Cipó, para a cachoeira da Farofa…

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