Sobre Siena e Saudade
Hoje, quando cheguei da academia,
tinha uma mensagem de uma amiga muito querida que mora fora do Brasil e que não
vejo há muito tempo. Era uma foto dela sorrindo, radiante, na frente da Torre
del Mangia, a famosa Torre de Siena. Há pouco mais de um mês recebi uma
mensagem parecida de uma aluna que fez aula comigo por muito tempo. A mensagem
era bem parecida, mas dessa vez só tinha a Torre na foto e um céu muito azul ao
fundo. Também houve uma vez que recebi a foto da mãe de uma amiga: dessa vez a
Torre não estava ao fundo, mas o cenário era sempre Siena.
Enfim, poderia citar vários e
vários exemplos parecidos que, mesmo depois de ter voltado há mais de dois anos
(o tempo voa!), ainda acontecem.
Justamente hoje, antes de ir para
a academia, eu dizia para a minha mãe como, apesar da saudade, em momento algum
do meu intercâmbio quis voltar para o Brasil. Não por uma síndrome de vira-lata
ou por não gostar do Brasil, pelo contrário, eu sempre soube que meu lugar é
aqui. Acontece que eu sempre soube que quando voltasse minha vida estaria aqui
me esperando. Minha casa, minha família, meus amigos, a faculdade... Muita
coisa mudou, é verdade, mudei meu círculo de amigos quase todo, mudei de
apartamento, fiz mais um intercâmbio, terminei a graduação, comecei o mestrado,
empregos novos... Por outro lado eu sempre soube que, depois de
voltar para o Brasil, voltar para a Itália seria uma eterna incerteza, como
ainda é. Além disso, sempre soube que meus amigos também seguiriam a vida e não
estariam mais lá, e de fato boa parte deles não está. Que não poderia mais frequentar
as aulas da Università di Siena, nem ficar na Residenza Univesitaria (Via delle
Sperandie, 33). Aqueles 6 meses nunca mais voltariam.
De tempos em tempos ainda sonho
com Siena, que estou chegando na cidade e é uma alegria enorme. E o sonho é
sempre o mesmo: eu vejo as ruas da cidade, sei que estou lá, mas sempre acordo
antes de ir ao bar ou de ver a Torre. Freud explica? E quando eu acordo sobra
uma mistura de angústia com alegria que acaba sendo engolida pela minha rotina
maluca.
Talvez eu seja apegada demais,
talvez sentimental demais (justo eu?), mas definitivamente um pedaço de mim
ficou lá. E as pessoas sabem e eu amo isso. Eu amo receber cada uma dessas
mensagens. A saudade aperta mas significa muito para mim ser lembrada, pensarem em mim
em um lugar onde fui tão feliz!
2016 não deu, 2017 também não.
Quem sabe não volto em 2018?
Porta do meu quarto |
A melhor saudade é aquela que mesmo nos machucando por estarmos longe, nos faz feliz por senti-la e abre um sorriso no rosto cada vez que ela chega!
ResponderExcluirPudéssemos todos nós ter saudades com a alegria de revive-la em nosso coração!