Virada do ano em Roma
Cheguei em
Roma dia 31 de dezembro. Fiquei num quarto sozinha na casa da Marcela, mas não acordei tão tarde, apesar do meu cansaço.
Resultado: fiquei mais ou menos destruída o resto do dia e não fizemos muita
coisa.
Na virada do ano, eu e
a Marcela queríamos ver a festa na rua. A notícia é que em lugar nenhum da
Europa as festas são como no Brasil, nas quais todo mundo vai pra rua e fica
por lá o resto da noite. Aqui na Europa, ao contrário, pouco depois dos fogos
de artifício da meia-noite as pessoas vão pra casa e pronto. Um amigo de Siena
me recomendou uma festa super famosa em
uma boate em Roma, mas já não é novidade que eu não gosto de boate e pagar 55
euros pra passar a noite em uma não rolava... O plano então era o seguinte:
teria uma festa na casa de um amigo da Marcela que, segundo nos contaram, ficava
numa área bem central. Iríamos pra festa, pouco antes da virada desceríamos pra
rua e depois voltaríamos pra festa. O metrô fecharia às 02:30, então esse seria
nosso limite pra voltar pra casa.
À tarde passamos no
supermercado, compramos coisas pra levar e à noite encontramos alguns amigos
dela no metrô pra seguir pro lugar da festa. Naquele momento tive a notícia de
que pegaríamos o metrô, depois ônibus e depois precisávamos andar mais um pouco
e aí chegaríamos no lugar. Não era bem isso que eu estava esperando... Entre as
pessoas que encontramos no metrô tinha três brasileiras super estranhas (depois
eu descobri que ninguém foi muito com a cara delas) e aquela situação toda foi
começando a incomodar... E pra piorar eu estava morta de fome.
Por algum motivo
aquela semana foi extremamente fria e a notícia foi que a noite do dia 31 de
dezembro foi a mais fria do ano em Roma. Chegar na festa foi então um alívio
pra todo mundo e pensei que realmente não seria uma boa ideia ficar o tempo
todo na rua. No apartamento tinha uma galera meio estranha, que nem a Marcela
conhecia, mas tudo bem, juntaríamos o povo conhecido e pronto. Embora a casa
fosse grande, ficamos na cozinha que ficou meio apertada para aquele tanto de
gente. Preparamos umas salsichas e queijos que tínhamos levado e comi horrores.
Pouco a pouco foi melhorando meu humor, mas eu ainda queria ir pra rua.
Pouco depois das 23h
começou uma movimentação pra irmos embora da festa. Descobri que eu não era a
única que queria sair... A principal festa de Roma estava acontecendo no Circo
Máximo, com shows e tudo mais. O problema é que tão grande quanto a vontade de
ir era a preguiça de encarar o frio. A notícia é que não tinha mais ônibus e
precisaríamos andar 3km até lá... Vestimos os casacos, nos preparamos pra sair, mas de
repente por algum motivo todo mundo começou a dançar, os casacos ficaram pela
cozinha e ninguém saiu.
Por acaso, em um certo
momento o coinquilino da Marcela pegou o celular e viu que era 11:59. Rolou uma
pseudo-contagem regressiva, distribuição de alguns abraços e só. Assim foi
minha virada de ano.
Passamos o resto da
noite ali, dançando na cozinha – que já estava bem mais vazia - um monte de
músicas anos 90/2000 que eu particularmente adoro. até que nos divertimos, mas
sem dúvida foi a virada do ano mais estranha e com menos cara de Reveillon que
eu já passei.
No fim das contas descobrimos
que estávamos perto da linha B do metrô – a que leva até o Circo Máximo – e não
precisaríamos andar três quilômetros, mas já era tarde.
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