Assis

Na terça-feiram, acordei cedo para ir para Assis. O trem sairia de Perugia às 09:56. Para ir até a estação Fontivegge, a principal estação de trem da cidade, peguei o minimetrò, que é... Bem... Um minimetrô! Na verdade é mais um mini trem ou um monotrilho, sei lá, porque não é subterrâneo, mas andar nele é uma coisa divertida e bizarra!


Eu estava super ansiosa pra conhecer Assis! A história é a seguinte: nasci no dia 04 de outubro, dia de São Francisco (há!) de Assis. Por muito tempo, em todo aniversário, minha avó, que era muito católica, me contava a história de São Francisco e dizia que queria que eu chamasse Francisca ou Clara. Felizmente minha mãe não aceitou Francisca e, segundo ela, Clara não foi sugerido na época senão talvez minha família aceitasse (mais recentemente minha avó admitiu que não se lembrou de Clara na época). Clara, por causa de Santa Clara de Assis, que seguia São Francisco e fundou a ordem das Clarissas, a versão feminina da Ordem Franciscana. No fim das contas meus pais escolheram Paula mesmo. Enfim, embora eu não seja católica, sou ligada à religião e sinto grande admiração por São Francisco a quem sou de alguma maneira ligada.

Foram 21 minutos de viagem de trem entre Perugia e Assis e, já na estação, vi freiras vestidas com a túnica marrom característica dos franciscanos. O turismo da região é um turismo quase exclusivamente religioso, o que contribui para manter uma energia incrivelmente boa por ali. Além disso, o dia estava lindo e não estava tão frio quanto a véspera, o que me deixa sempre de ótimo humor!

A estação de Assis não fica exatamente em Assis, mas em Santa Maria degli Angeli onde tem uma basílica enorme a 5 minutos de caminhada da estação. Para subir até Assis é preciso pegar um ônibus e em poucos minutos chegamos lá. Antes de subir, porém, fui até a Basílica que, além de todas as coisas que as basílicas católicas tem (muito ouro, muita riqueza, obras de arte etc.), é famosa por conter em seu interior a Porziuncola, a capelinha onde São Francisco rezava, acolhia as pessoas e onde supostamente teria escrito o Cântico das Criaturas. Além disso ali está conservado o local onde São Francisco morreu em 1226. Na verdade, a Basílica foi construída ali no século XVI a pedido do papa Pio V justamente para preservar esses locais sacros. Interessante é o contraste entre a simplicidade da Porziuncola e a grandiosidade da Basílica em volta...





Mas era hora de subir até Assis. Eu tinha comprado o bilhete pro ônibus na estação mesmo e peguei o ônibus em frente à Basílica. No ponto seguinte, em frente à estação, subiram no ônibus dois “controllori”, que são as pessoas que controlam se todo mundo comprou (e validou!) o bilhete. Até então eu nunca tinha visto controllori nos ônibus (embora soubesse que eles existiam), só nos trens. Mas estava tudo certo.

Assis fica no meio do monte Subasio, e por isso é uma cidade cheia de morros! Dizem que em Siena tem muito morro, mas nem se comparam aos de Assis. Fui em direção à Basílica de Santa Clara e o caminho era pura subida! Ao longo do caminho tirei a echarpe, depois a jaqueta e assim que tive a chance, tirei a blusa térmica que estava por baixo de todas... Outra característica de Assis: é uma cidade bege. Bege claro! Talvez por isso a sensação de paz da cidade só aumente... Rodei um pouco pelo centro histórico e segui até a Basílica de Santa Clara. 





Acontece que, embora eu tivesse lido sobre isso na véspera quando estava programando meu passeio, eu havia me esquecido que ela fechava pro almoço, de 12h às 14h. E cheguei bem nesse intervalo. Fiquei um pouco sem saber o que fazer, e pensei em ir até a Basílica de São Francisco, mas acabei dando voltas pelo centro e não cheguei lá. Eu estava começando a ficar com um pouco de dor de cabeça e pensei que pudesse ser fome. Como a Basílica de São Francisco ficava um pouco mais afastada, resolvi visitá-la depois. Fui então almoçar e esperar a de Santa Clara abrir. Comi um macarrão ruim por ali, que não fez melhorar minha dor, comprei uns souvenirs e depois sentei em frente à Basílica enquanto ela não abria para admirar a vista que era linda!





Finalmente entrei. A Basílica começou a ser construída em 1257, após a morte de Santa Clara, e tem arquitetura gótica, como quase todas as igrejas em Assis, que são muito parecidas entre si. Do lado de dentro temos acesso ao Oratório do Cucifixo, onde estão expostas várias relíquias, como algumas vestes de São Francisco feitas por Santa Clara. É possível visitar também a Cripta onde fica o túmulo de Santa Clara.

O próximo destino foi a Basílica de São Francisco. Fui andando tranquila, parando pra tirar fotos e entrando em algumas Igrejas que encontrava pelo caminho (e não eram poucas!).





A entrada da Basílica fica em uma espécie de pátio, a Piazza Inferiore. Na verdade são duas basílicas em uma, uma em cima da outra, e a Piazza Inferiore dá acesso à Basílica inferior! Comecei por ela, que é enorme! Descendo umas escadas tem uma sala com mais relíquias e a capela onde estaria o corpo de São Francisco. Dentro da Basílica tem uma escadinha que dá acesso a uma área externa onde fica outra escada que dá acesso à Basílica Superior que também é enorme! 



Entrada da Basílica Superior
Àquela altura eu continuava não me sentindo bem e já não estava com tanto ânimo, então só passei por ali rapidamente. Na saída, um jardim com uma escada que dá acesso à Piazza Inferiore. O jardim não tinha nada de mais, na verdade era um gramado, mas tinha uma vista linda.




Fiquei ali um tempo mas decidi descer até a Piazza Inferiore onde tinha uns bancos. Minha dor de cabeça não estava insuportável, mas estava bem incômoda. Não sei se foi a claridade (não levei óculos escuros), se foi o fato de eu ter passado o dia com óculos de grau (que já não uso muito. Na Itália usava menos ainda!), ou se foi a energia do lugar, embora eu não seja muito sensível a isso. Sentei em um banco e fiquei tomando sol perto de uns pombos que tiveram a mesma ideia que eu. O sol não estava muito forte e estava uma delícia, mas considerando minha dor, ficar ali por muito tempo não era a coisa mais inteligente a se fazer.



Comecei então a descer. Eu acabara de perder um trem e o próximo seria dali a duas horas. Eu ainda queria visitar a Rocca Maggiore, uma fortaleza no alto da cidade, mas não tive forças. Embora não estivesse com fome, parei pra comer um doce. Depois um panino. E fui descendo devagar. E entrei em mais uma Igreja. E em mais algumas lojas de souvenirs. O ônibus pra descer demorou a passar. Ainda assim cheguei cedo à estação e precisei esperar um tempo. E ir pra Siena nunca é fácil! As 4h de viagem foram longas e ainda tive que fazer duas baldeações. E no caminho fez frio, vesti todas as minhas roupas de novo e ainda senti frio. E chegando em Siena, ainda tinha os 40 minutos de caminhada até em casa... E aí eu lembrei porque eu não viajava tanto quanto eu queria...


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