Carnaval em Alicante

Por volta das 22h, 23h do sábado, as meninas foram todas pra casa da Laura para nos arrumarmos. A Laura estava morrendo de medo de que eu não me divertisse, afinal, para ela, era uma responsabilidade muito grande levar uma brasileira para o carnaval de Alicante! Expliquei pra ela que o Carnaval do Brasil não é só o carnaval do Rio e que o carnaval de BH, por exemplo, é um movimento recente, com forte caráter político e é carnaval de rua. A diferença é que é uma festa mais diurna. Eu sentia sim falta de música brasileira (a do meu computador não me parecia suficiente...), mas eu tinha certeza que me divertiria!

Tirando a María, nos vestimos todas iguais: roupa preta, tutu roxo, colar, pulseiras e tiaras de flores, varinhas coloridas (acabamos encontrando no supermercado mais tarde mexedores de drink que seriam nossas varinhas) e asas. A María fez nossa maquiagem, também todas iguais, e ficou bem legal! Eu nunca tinha me produzido tanto pro carnaval, mas gostei da experiência. O mais estranho foi estar no meio de um grupo que, tirando a Laura, acabara de conhecer, mas o negócio era entrar na brincadeira e divertir!

Sim, o batom era verde!
As ruas de Alicante estavam lotadas, estava até difícil andar por lá! O que me chamou a atenção foi a criatividade e a dedicação das pessoas para se vestir. Quer dizer... No carnaval do interior existe essa mania de homem vestir de mulher. Em BH, o que observei nos últimos anos é que pouco a pouco as pessoas estavam começando a investir nas fantasias, mas, até o ano passado, pelo menos, não era tanto assim. A irmã da Laura, por exemplo, estava vestida de frango. SENSACIONAL a fantasia! O irmão, de jogador de futebol americano. Fantasias de grupo, vi aos montes! Tinha por exemplo, uma família vestida de homens das cavernas, desde as crianças até os avós. Avatar, fadas, princesas, super-heróis, padres, bailarinos, líderes de torcida, minions... Enfim, tinha de tudo! Infelizmente não tirei fotos... Devido ao meu histórico de perder coisas, achei prudente não levar minha câmera nem meu celular, ainda mais que meu celular não funcionava na Espanha...


Fomos para uma praça que estava simplesmente LOTADA. É pra lá que os jovens vão no carnaval.. A Laura me explicou que normalmente é proibido beber na rua e a multa pra quem é flagrado bebendo é bem alta. Exceto no carnaval, que é impossível fiscalizar. Só não sei se essa abertura é oficial ou não, mas de fato não havia qualquer fiscalização. Na praça é feito o que chamam de botellon: basicamente, cada um leva sua garrafa de bebida e fica ali na praça bebendo. O interessante é que não tinha nenhum vendedor ambulante por lá! Não sei se existe alguma regra em relação a isso ou se é cultural... Imagino que seja cultural! Cerveja, na Europa, só long neck. Não tem essa de cerveja de latinha... Mas, na verdade, bebe-se bem menos cerveja. Talvez por causa do frio, mas tanto na Espanha quanto na Itália, nesse tipo de evento bebe-se muito vodka lemon, ou seja, vodka misturada com schweppes citrus ou alguma coisa parecida. E foi isso que fizemos. Garrafas, copos de plásticos (daqueles mais durinhos) e já tínhamos nossos misturadores/varinhas. E assim foi nosso carnaval! O plano era ir lá pelas tantas pra alguma boate, mas antes que víssemos já eram 5h da manhã! A noite foi bem divertida, de tempos em tempos apareciam outros conhecidos e eu já estava bem mais, como diz minha mãe, entrosada com o pessoal.



Segundo a Laura, embora os espanhóis sejam conhecidos por serem bons de festa, o carnaval não é uma festa tão forte em toda a Espanha, mas o de Alicante já é bem conhecido na região. Apesar disso, a cidade não oferecia estrutura nenhuma ou quase. Passamos em um lugar no caminho onde estava acontecendo uma festa com palco e tudo mais, talvez nesse lugar tivesse alguma estrutura, não sei, mas onde ficamos não tinha, por exemplo, nenhum banheiro químico. Isso acaba sendo um problema em um lugar onde vai tanta gente beber. Em um certo momento da noite as pessoas começaram a se refugiar atrás de carros, caçambas ou onde desse pra fazer xixi. Também não vi lixeiras extras ou nada assim, só as lixeirinhas da praça mesmo, que, obviamente não eram suficientes. Na hora que fomos embora, lá pelas 5 e tanto da manhã, já dava pra ver bem a sujeira que tinha ficado a região. Imagino que os moradores não gostem muito...

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