Fazendo trilha em Poway
Domingo passado (17) fui fazer uma trilha com meu primo, um amigo dele e a namorada. Eu sou
completamente sedentária e eles falaram muito na minha cabeça que eu não tinha
a opção de não ir com eles, mas que seria uma trilha pesadíssima e tal. Eu não
sabia até que ponto estavam brincando e até que ponto estavam falando sério e
se por um lado eu queria ir, por outro eu não sabia o que me esperava e estava
com medo do que viria. Sério, eu odeio academia, não faço nenhum espeorte em BH
e meu condicionamento físico é péssimo!
O nosso objetivo era chegar na Potato Chip Rock. Um mirante com uma pedra super fina de onde dá pra tirar umas fotos incríveis! Eu já tinha visto fotos desse lugar, mas confesso que não sabia que ficava por aqui e, na verdade, nem lembrava dessa pedra.
O plano era sair de casa às 9, mas acabamos nos atrasando. Passamos
no supermercado, os meninos compraram vários galões d’água, barrinha de
proteína, mexericas e uns sanduíches do Starbucks pra comermos até lá. Às vezes eu pensava que aquilo tudo era exagero, mas preferi confiar neles. Eu ainda
não sabia o que me esperava e os meninos falavam horrores na minha cabeça numa
mistura de alerta pela trilha pesada e zoação pelo fato de eu ser 100% sedentária.
Fomos até o Poway Lake, em Poway, distrito de San Diego. O
lugar é incrível, tem uma área verde enorme com lugar pra caminhar, fazer
picnic e com a vista incrível do lago e das montanhas ao fundo! Meu primo
apontava para as montanhas e dizia que não iríamos simplesmente chegar lá no
alto mas atravessá-las todas até chegar em algum lugar que sequer dava pra ver, mas eu ainda estava incrédula.
Começamos a subir a trilha umas 11:30, o que definitivamente
não foi um bom horário, embora aqui na California, com o céu azul o tempo todo,
o horário não faça tanta diferença! No início da trilha tem uns trechos de
subida e descida que eram péssimos! Pra cada descida eu sabia que teria uma
subida ainda mais longa depois, mas eu tinha que encarar. O fato é que por um
lado eu queria provar pra mim mesma que eu conseguia, mas também queria para
eles que eu conseguia. Ninguém acreditava. Além disso eu não queria ser a
estraga-prazeres que acabaria com o passeio do pessoal morrendo no meio do
caminho.
Eu não fui marcando tempo e realmente não fazia ideia do
quanto tinha andado e do quanto ainda tinha que andar. Primeiro perdemos de vista a área verde, depois o lago... E cada trecho ia ficando pra trás sem deixar qualquer resquício. Sei que em determinado
ponto vimos um helicóptero fazer um resgate em um ponto da trilha acima de onde
estávamos e aquilo não foi animador, porém imaginei que nosso destino fosse por ali. Mas não era.
Em um certo ponto acabaram as subidas e
descidas e tinha só uma subida constante. Sem sombras. E eu comecei a sentir
tonturas e precisei de uma pausa. Eu não queria chegar ao meu limite porque
sabia que isso seria problemático, então procurava parar antes disso. Bebi água,
comi umas mexericas, joguei água na cabeça. Os meninos me deram todo apoio
nessa hora, sem me apressar nem nada, o que me deu tempo pra recuperar. Sentei
um pouquinho e recomeçamos.
A subida foi ficando cada vez mais difícil. Eu ficava
olhando pra montanha tentando imaginar o quanto ainda tínhamos que andar. E de
repente a subida ficaria mais íngrime. Eu via de longe as pessoas lá no alto e
me perguntava de onde tiraria forças pra chegar onde elas estavam. Precisei
parar mais uma vez. Encontrei uma sombra, uma pedra pra sentar e fiquei lá por
alguns minutos, sempre bebendo água, comendo e jogando um pouco de água na
cabeça antes de recomeçar e encarar a escadaria que me esperava.
Eu realmente não fazia ideia de quanto ainda precisávamos
subir, mas tinha a impressão que já estávamos nos aproximando do fim. Mas cada
vez que a gente chegava em algum lugar eu conseguia ver que ainda tínhamos que
andar muito. E eu vi pessoas subindo um morro ainda mais íngreme que o anterior.
Eu queria muito chegar lá no alto, mas não sabia se conseguiria. Precisei parar
mais uma vez, dessa vez estava me sentindo ainda mais fraca do que as outras duas,
estava com as pernas bambas. Aparentemente estávamos chegando ao fim e eu não
queria desistir ali, tão perto do fim! Dei tudo de mim pra encarar aquela
última subida, a mais pesada até então. Faltava pouco.
Até que chegando no final do morro nos deparamos com uma
placa indicando que faltava 1 milha e meia. Cerca de 2 quilômetros e meio, de
subida, debaixo de um sol terrivelmente quente. Eu não sabia nem como tinha
chegado até ali, não sabia como andaria mais 2,5 km. Além da volta. Eu
realmente não queria desistir, já tinha chegado tão longe... O amigo do Rafa
resolveu subir mais um pouco e dar notícias do que tinha no final da escadaria.
Ele nos avisou que tinha uma árvore com uma pedra onde poderíamos pelo menos
sentar na sombra pra descansar.
Foi difícil chegar até a tal árvore, eu já tinha usado todas
as minhas forças na última escadaria, mas coloquei na minha cabeça que só
faltava aquilo e fui. E aí rolou a dúvida: desistir ou continuar Eu e meu primo
percebemos que ainda faltava muita coisa. E por mais frustante que fosse, não
valia a pena arriscar. Eu já tinha feito muito chegando até ali e tentei focar
nisso. Meu primo, que tem um preparo físico bem melhor que o meu, também não
quis continuar, e isso me fez ter a certeza de que aquela era a decisão certa.
Ficamos lá por um tempo descansando antes de começar a
descer. Os outros dois continuaram. A descida também não foi fácil, embora mais
fácil que a subida. Tinha uma parte de escada e eu estava com muito medo de
cair, o que é bem a minha cara. De fato, foi só acabar os degraus que eu
relaxei e torci meu pé. E foi forte. Dei tempo suficiente pra eu conseguir
apoiar meu pé no chão de novo e segui. Eu não sabia o quão grave tinha sido a
torção, então achamos melhor seguir enquanto meu corpo estava quente que eu não
sentiria tanta dor. E deu certo. Da única vez que tentei mexer o pé doeu
bastante, então resolvi só seguir e pensar nisso depois.
No final da trilha, ainda tinha aquelas subidas que, àquela
altura, foram bem difíceis de encarar. Mas faltava pouco. E nos aproximamos do
lago, do campo e do carro. Chegamos! O sol ainda estava forte, eu sentei na
grama, em uma sombra ao lado do carro e achei que não conseguiria levantar
nunca mais. Ainda esperamos por um bom tempo pelo amigo do meu primo e a
namorada dele, mas foi bom que deu pra, pelo menos, parar de transpirar. Foram
quase 4h de caminhada, numa trilha, subindo morro e no fim das contas eu estava
feliz por ter ido tão longe, mesmo não tendo chegado até o final!
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