Voltando de viagem


Oi, gente!
Acabei de chegar da Itália e infelizmente eu não consegui escrever durante a viagem... Voltei cheia de histórias, aprendizados, imprevistos, amizades... Mas vou começar pelo final, pelo retorno.
Voltar é sempre difícil e se eu achava que dessa vez seria mais fácil, por ter feito tudo que queria, foi um engano meu. Fiquei só um mês, revi (quase) todos os meus amigos, voltei em algumas cidades, dentre elas Siena, e conheci várias outras! Estudei, turistei e me diverti bastante! Só não tive tempo pra descansar e escrever. Melhor assim!
Em princípio eu sairia de Roma na quinta, dia 22, iria para Paris, depois Rio e BH. Acontece que por causa de uma greve na França adiantaram meu voo em um dia. Se por um lado meu cartão de crédito agradeceu, por outro parece que fui tirada de lá antes de estar pronta pra isso. Eu estava em Padova e já estava com a minha programação final toda pronta: na quarta, 21, desceria pra Roma, seguiria para Subiaco, ali pertinho, para encontrar duas amigas de lá. Chegaria no meio da tarde, dormiria por lá e na quinta iria pro aeroporto na hora do almoço.
No entanto, na terça resolvi dar uma última olhada no meu e-mail antes de dormir. Pra minha surpresa havia um e-mail da AirFrance comunicando o cancelamento do meu voo de Roma para Paris. Eu seria colocada em outro voo e me avisariam por e-mail assim que estivesse tudo certo. Levei o maior susto, mas àquela hora não tinha o que fazer além de esperar. Na quarta saímos de casa às 6 da manhã pois a menina que estava comigo iria embora às 6:50 e eu não teria como ir para a estação depois.


Talvez pela convivência comigo, um imprevisto: o ônibus dela não passou e descobrimos que ela havia comprado para a data errada! Paciência! Ela conseguiu um trem que sairia 8:40 e então ficamos esperando na estação enquanto eu tentava resolver como seria a minha volta. Foi minha sorte, porque meu celular estava sem crédito e pude usar o dela para ligar para a AirFrance.

Tentando relaxar com um café



Nesse meio tempo, resolvi dar mais uma olhada no meu e-mail à espera de notícias sobre meu retorno: meu voo havia sido remarcado para a 17:40. Tudo bem, sairia 2h antes do previsto. Até que relendo o e-mail me dei conta que sairia às 17:40 daquele mesmo dia! QUE?? Impossível! Eu não podia ir embora naquele mesmo dia... Eu não sabia nem se chegaria no aeroporto a tempo... E chegando em Paris? O que eu faria? Onde eu dormiria?
Liguei para a AirFrance e me ofereceram algumas alternativas. Ou eu voltaria para o Brasil dia 24 ou 25, ou poderia passar meu voo pra quinta, dia 22, 6 e pouco da manhã ou faria o mesmo trajeto que estava previsto anteriormente, mas saindo naquele mesmo dia. A primeira opção seria maravilhosa, mas eu precisava estar em BH no dia 23 para um trabalho, além de que já tinha gastado todo o meu dinheiro e boa parte do limite do cartão de crédito. A segunda não valeria a pena já que além de não ganhar tanto tempo assim, eu teria que dormir no aeroporto e, por causa da greve, ainda corria o risco de não conseguir sair de Paris. Acabei decidindo vir embora na quarta mesmo.

Foi um choque. Avisei para as meninas que não poderia mais encontrá-las. Peguei meu trem pra Roma e, ao invés de seguir pra Subiaco, fui direto pro aeroporto. Foi tudo muito corrido e inesperado e de repente me vi com os olhos cheios de lágrimas no aeroporto voltando pra casa.


Isso tudo fez com que minha viagem ficasse muito mais longa e muito mais cansativa. E talvez por isso o impacto da volta foi enorme, maior do que imaginei que seria. Em Siena conversava com um amigo que me falava de como nos acostumamos com as coisas. Que as coisas ruins nos incomodam até que nos acostumamos com elas e aí tudo bem, elas já não nos parecem tão ruins assim. E entramos numa zona cômoda da qual é cada vez mais difícil de sair. Cada viagem que faço me tira dessa zona de conforto. Me faz conviver com novas culturas, novos pontos de vista e novos desafios, seja essa viagem pra fora do Brasil ou pra algum lugar aqui pertinho. A parte difícil é voltar e aprender a lidar com tudo mais uma vez, é ter coragem pra tomar decisões, pra me posicionar. Sair do mundo do sonho e encarar as responsabilidades, tanto as mais prazerosas, como dar aula, mas principalmente aquelas que exigem um esforço muito maior já que a motivação é próxima a zero. Já comentei por aqui sobre ter tido vários privilégios ao longo da vida, que me levaram ao caminho em que estou hoje e que amo! Mas justamente por ter tido certa facilidade em tudo que fiz ao longo da vida, fiquei mal acostumada. E cada vez que eu volto de viagem e essas responsabilidades batem à porta, parece muito mais difícil lidar com elas...

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