Retrospectiva anos 2010: 2016

Passei o reveillon de 2016 trabalhando na minha casinha no Magic Kingdom e foi incrível! Trabalhei até 3 da manhã, fui pra uma festa logo em seguida, dormi duas ou três horas durante a noite e comecei a trabalhar no dia seguinte às 10, se não me engano. Foi um dia loooongo!

Meu intercâmbio na Disney acabou no dia 04 de fevereiro e logo depois fui pra casa da minha tia na Flórida, a umas três horas de distância de Orlando, com minha família. Passei uma semana por lá, com uma parada em Miami, e depois segui pra Nova York onde fiquei mais uma semana com meus amigos. A viagem foi ótima, mas o que mais me marcou foi o frio sem igual. Chegamos a pegar -18 graus e nenhuma roupa minha era suficiente praquele frio todo. Sair da rua, mesmo pra andar dois quarteirões para comer, era uma tortura, mas não nos rendemos. Nos últimos dias de viagem a temperatura foi subindo, ficou em torno de zero e nevou e ficou até positiva depois. Me senti no verão brasileiro!





O primeiro semestre de 2016 foi meu último semestre de faculdade e acho que finais de ciclos são sempre meio angustiantes, porque vem a pergunta “e depois?” e geralmente não temos resposta pra ela. Eu já estava de saco cheio de faculdade, chegava atrasada toda sexta pra minha aula na Faculdade de Educação e minha única motivação era o estágio.

No estágio obrigatório fizemos uma oficina de italiano para alunos do Ensino Médio de uma escola pública. Essa escola fica num bairro bem carente e longe de onde eu moro, mas minha professora nos dava carona todo dia. Minha dupla era a Amanda, e tínhamos uma sintonia muito boa! Preparamos um curso, como seria feito e tudo mais, mas encontramos uma realidade bem diferente da que estávamos acostumadas e mudamos praticamente todo o nosso planejamento no fim das contas. Estávamos acostumadas com alunos super autônomos e esse desafio incluía coisas simples, como perceber que não bastava anotar coisas no quadro, precisávamos falar explicitamente que aquilo precisava ser copiado e dar um tempo para que eles fizessem isso. Mas também encontramos desafios mais complexos, como a da aluna parcialmente cega: se nos primeiros dias fazíamos simplesmente um monte de cópias dos materiais que seriam utilizados, logo percebemos que esse material não funcionava para ela que não conseguia ler letras pequenas. Ela também não conseguia copiar do quadro e enquanto eu ou a Amanda conduzíamos uma atividade, a outra copiava o conteúdo (com letras grandes e garrafais) no caderno da aluna. Se a experiência por si só já tinha sido super rica, o retorno dos meninos ao final nos fez ter certeza de que estávamos no caminho certo!

"Eu achei as aulas de italiano muito boas, pois sempre gostei da língua, mas não pensava que iria conhecê-la tão rápido. E quando vocês começaram a nos ensinar continuava não acreditando, mas agradeço a vocês por ter nos dado este privilégio de conhecer outra cultura que tanto me cativou, os momentos não foram tão longos, mas foi um dos melhores da minha vida, agradeço a Deus por vocês estarem aqui para nos ajudar, as aulas amei demais. Muito obrigada espero poder revê-las novamente! Beijos"

"Eu achei o curso de italiano uma ótima oportunidade para mim, porque me ajudou bastante a ver que mesmo com os meus limites tive capacidade de fazer. Pra mim deveria continuar tendo."

"Eu gostei muito do curso, as professoras ensinam bem, têm paciência, nos deram atenção que devíamos ter, as aulas e as atividades foram ótimas. Aqui eu aprendi muito, fiz amizade e foi uma experiência ótima. Obrigada por tudo."




Em julho fui pra California (e essa história também está aqui) e vivi alguns dias surreais, visitando a Universal Studios e ficando em hotéis caros de graça. Por outro lado, também tive alguns dias mais lentos em que aproveitei para ler um pouquinho pra me preparar para a prova do mestrado. Mas não muito, confesso.





Em setembro, minha colação de grau. Na Letras não temos turmas que nos acompanham do início ao fim do curso e fica muito difícil organizar uma festa de formatura tradicional. De qualquer maneira, não acho que eu participaria caso tivesse um baile e essas coisas. Tradicionalmente então a Faculdade organiza nossa cerimônia de colação de grau, com beca e tudo, que é uma cerimônia real e não simbólica. Como a cerimônia é feita na própria UFMG não temos muitos convites e não convidei ninguém além da família (e do meu segundo ex que, aliás, acabei de perceber que esqueci de mencionar a existência). A formatura era um caminho muito natural pra mim, sem grandes conquistas ou dificuldades e acabou que não teve aquele gostinho especial, mas foi só mais uma etapa que acompanhava a fatídica e já mencionada pergunta do “e depois?”


O mestrado era um caminho quase que natural para mim após a formatura, mas pensar nele me trazia grande angústia. Além do mestrado em si, que àquela altura eu não queria encarar, eu ainda não queria sair de BH e não via nada na UFMG que fosse de encontro com o que eu queria estudar, que era o Ensino de Italiano para estrangeiros. Não lembro exatamente como isso aconteceu, mas em dado momento uma professora do italiano me chamou para conversar sobre o mestrado, olhamos opções e vimos que, na verdade, eu não tinha. Ou eu continuava estudando linguística, ou ficava no italiano, e, nesse caso, a literatura seria minha única opção. Eu nunca estive realmente animada com o mestrado, levei o processo todo quase como uma obrigação. Essa professora me deu todo o suporte, praticamente me deu um projeto, me explicou como estudar para a prova e tudo mais. Eu tinha sido bastante displicente tanto com a literatura quanto com a pesquisa ao longo da graduação, e unir as duas coisas pra encarar um mestrado não foi fácil e nem prazeroso. Passei com nota mínima na seleção. Mas passei.

No final do ano consegui um emprego como caixa em uma loja no shopping. No final do ano meus alunos sempre somem e esse emprego me salvou. Foi uma experiência completamente diferente de tudo o que eu tinha feito e não foi fácil. Tive que lidar com stress de natal, com o tédio de ficar horas organizando o estoque (o que era até legal em alguns momentos), com as intrigas de vendedoras e com uma delas que se achava superior às outras... Na época de natal acabei, por distração (que não é nenhuma grande surpresa pra ninguém), fazendo uma bagunça grande na hora de lançar as trocas no sistema, o que acabaria influenciando inclusive na comissão das vendedoras. Foi um stress enorme que gerou um problema bem grande pra loja, mas, apesar disso, levei somente uma advertência. Eu sabia que tinha errado, aceitei e admiti meu erro e segui em frente tentando não repetir. O problema é que acabei brigando com essa tal vendedora quando ouvi ela falando de mim no banheiro e meu sangue ferveu de tal maneira que esse stress sim me fez quase pedir demissão. Aquele emprego era pra mim um quebra galho de final de ano e a última coisa que eu queria pra mim era me submeter a uma pessoa prepotente falando de mim pelas costas em um emprego que não acrescentaria tanto assim para a minha carreira. Vim pra casa, conversei com mams, acalmei um pouco e percebi que aprender a lidar com aquilo também seria importante pra mim. Eu não sabia com quem teria que lidar no futuro, que tipo de chefe ou colegas de trabalho teria e, se eu desistisse a cada dificuldade, principalmente uma dessas que era em grande parte uma questão de ego ferido, eu não chegaria a lugar nenhum. Não foi fácil, mas fui até o final.


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