Retrospectiva anos 2010: 2018
2018 já começou como o ano em que eu finalmente voltaria pra
Itália! Tive cerca de 2 meses pra organizar a viagem. Eu tinha algum dinheiro
guardado, mas não tanto, mas, como sempre, não fiz tantos cálculos e confiei
que ia dar certo. Eu recebi a bolsa para um curso de duas semanas, mas eu queria
poder ficar um pouco mais e me programei para ficar 1 mês no total. Tirar férias
é sempre um problemas pra quem é autônoma porque ficar sem trabalhar significa
ficar sem receber. A vantagem é que eu havia conseguido a bolsa do mestrado e
receberia a primeira logo que voltasse de viagem e isso me deu certa
tranquilidade. Programei somente a primeira parte da viagem: chegaria sexta em
Roma, onde passaria o final de semana, na segunda iria pra Siena, quinta pra
Bologna e domingo para Recanati, onde seria o curso. Após o curso ainda teria
mais alguns dias, mas deixei para programar a reta final quando estivesse lá.
Voltar pra Itália foi extremamente especial, mas além disso foi a primeira
viagem internacional que paguei sem qualquer ajuda dos meus pais (os
intercâmbios pra Itália e pra Disney foram em boa parte pagos com o carro que
eu tinha e vendi). Eu tinha duas coisas em mente ao programar minha viagem:
voltar a alguns lugares especiais mas também ter experiências novas. Em Roma
revi pontos turísticos só de longe, mas não entrei em nenhum deles. Vi a
Fontana di Trevi e a barca da Piazza di Spagna, que não tinha conseguido ver no
intercâmbio pois estavam em restauração. Mas a parte que não conhecia e mais
gostei foi a zona EUR, construída por Mussolini. Não é uma região muito
conhecida, mas vale MUITO a pena! Itália é também turismo gastronômico e se a
lista de coisas que eu queria comer era enorme, o tempo que eu tive foi curto
para cumprir toda a minha lista. Por fim, não posso deixar de mencionar o quanto
foi especial reencontrar dois dos meus amigos: Davide e Francesco.
Naquela época a Itália foi assolada pelo Burian, uma onda de
frio que levou neve a Roma, como não acontecia em seis anos. O problema é que a
neve caiu bem no dia que eu deveria viajar para Siena e a Itália
definitivamente não é um país preparado para neve. Chegar na estação pra pegar
o trem já foi dificílimo e a estação estava um caos, painéis travados, ninguém
para dar informações... Resolvi ir até o lugar onde costumava pegar o trem na
época do intercâmbio (que era uma plataforma super isolada, inclusive) e torci
pra plataforma não ter mudado. Deu tudo certo! Em Chiusi, onde deveria ter
trocado de trem, nos ofereceram um ônibus pois o trem já tinha saído.
Em Siena, fui nos meus restaurantes preferidos, voltei à
residência universitária onde morei, à faculdade, aos meus lugares preferidos.
O problema é que estava muito frio e meio chuvoso, o que atrapalhou bastante a
minha caminhada. Além disso, por causa da neve que tinha caído não consegui
subir na torre. Voltei ao bar que frequentava e fiquei algumas horas por lá,
como fazia antes, fiz uma nova amiga brasileira e ela acabou sendo minha maior
companhia em Siena. Os reencontros foram muito especiais! No bar, com certeza,
mas principalmente com o Giuseppe, que não frequentava mais o bar. Além disso,
consegui ir pra Livorno visitar uma professora querida.
O curso em Recanati foi realmente incrível! Tive aulas com
excelentes professores e a troca com os colegas também foi riquíssima! Mas acima
de tudo, foi um curso em que fiz excelentes amizades e os jantares no "Corso
Persiani 45" foram inesquecíveis! Foi inclusive com a argentina que morou comigo
que viajei após o curso. Fomos pra Padova e de lá pra Veneza, Verona e até em
termas em Hotel 5 estrelas!
Eu poderia escrever páginas e páginas contando histórias da
Itália (já que não fiz isso antes), mas como não é esse meu objetivo, tentei
ser o mais sintética possível.
De volta pra realidade brasileira, tinha que voltar a pensar
no mestrado. No segundo ano eu já não precisava frequentar mais aulas e teria
que me dedicar à tese. Em teoria isso significaria que o mestrado se
tornaria mais interessante, mas a verdade é que eram poucos os momentos em que
eu achava que aquilo fazia sentido pra mim e deixei pra fazer minha tese de
fato nos últimos meses. Em algum momento no meio do caminho fui para um
Congresso em Brasilia. Foi uma experiência péssima que só me fez desanimar
ainda mais com aquilo tudo.
O grande estímulo que eu tive pra começar minha tese foi o
curso de liderança que eu fiz. Desde muito tempo eu ficava vendo sobre esse
curso na internet e mesmo sem saber exatamente o que eu estava buscando e o que
eu iria encontrar, foi uma das melhores escolhas que eu fiz. Entre as duas
etapas do curso, cada um tinha que determinar para si uma tarefa e a minha foi
escrever duas páginas por dia da minha dissertação. Não consegui concluir 100%
da minha missão mas escrevi umas 40 páginas que foram o ponto de partido da
versão final. Depois disso, só devo ter voltado a escrever lá pra outubro, uns
quatro meses depois.
Mas não foi só por isso que o curso foi especial. Terminei
meu namoro três dias antes do início e, na hora que me despedi do meu ex e
peguei meu celular tinha uma proposta no grupo do curso: fazer antes do
primeiro dia algo que tirasse da zona de conforto. Eu que levo essas coisas a
sério me questionei qual era a coisa que eu mais detestava no mundo e cheguei à
conclusão que era o crossfit. Terminei na quarta à noite, na quinta saí com uma
grande amiga para afogar as mágoas num bolo bem gostoso e na sexta ela me levou
ao crossfit. Eu estava APAVORADA com aquela ideia, mas fui. E amei! 2018 foi um
ano conturbado em vários sentidos, e o crossfit era minha terapia. Houve dias
em que chegava lá me sentindo péssima e saía completamente renovada. Além
disso, eu havia engordado muito em 2017 e no crossfit, embora não tenha chegado
ao corpo que quero, já que continuo comendo horrores, emagreci sete quilos e isso
fez super bem pra minha auto estima.
Além disso, no curso de liderança fiz amigos que ainda hoje são
especiais pra mim, que me levaram pra role, me deram colo e inacreditavelmente
me levaram pro forró. Também teve a MOPI. Uma das pessoas do curso era
voluntário no projeto da MOPI – Mostra de Profissões Itinerante que é, como o
nome diz, um projeto completamente voluntário que leva mostra de profissões a
escolas públicas. Para mim foi e tem sido super importante entrar em contato
com outras realidades e fazer a diferença na vida desses adolescentes, mesmo
que Letras não seja o curso mais atraente para eles. O público com que trabalho
é quase todo de elite, com ótimas condições financeiras e lidar com esse outro
lado sempre foi uma vontade minha.
Em setembro fiz o curso de monitores da Forma Turismo. Desde
que eu fui pra Porto Seguro, em 2010, tinha vontade de virar monitora. Seria um
jeito de fazer um trabalho gostoso, viajar e ganhar por isso, mas eu até então
não tinha tido tempo, dinheiro e uma chance boa de fazer o curso. De repente a
oportunidade surgiu e me inscrevi. Desde o início foi um conflito enorme, pois,
querendo ou não, eu era muito mais velha do que quase todo mundo que estava
ali. Tinha um grupo enorme de adolescente que tinham viajado pra Porto dois meses
antes e não tinha nem mesmo acabado o Ensino Médio e eu confesso que me senti
super deslocada e me perguntei várias vezes o que estava fazendo ali. Apesar
disso, encontrei pessoas legais, me diverti e aprendi muito! Fui chamada pra
fazer parte da equipe de Monitores e antes do final do ano fui duas vezes pro
Tauá, acompanhando grupos do 9º ano.
Em dezembro fiz meu segundo concurso para professora substituta de italiano da UFMG. Dessa vez me preparei muito melhor, estudei muito e sabia que poderia dar uma boa aula. E assim fiz. Saí confiante, sabendo que tinha feito um bom trabalho! O problema que meu principal concorrente era bem mais qualificado, ele já tinha sido professor substituto e estava terminando o doutorado. Acabei ficando em segundo lugar, mais uma vez só tinha uma vaga, mas dessa vez saí feliz pois tirei nota máxima na prova didática e o que me prejudicou foi meu currículo acadêmico (falta de publicações, ainda não tinha o título de mestre, etc).
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