Minha primeira saída em Curitiba: Cosmos G/astrobar

No início da pandemia de Coronavírus, vendo o exemplo de outros países, sabíamos que a situação era grave. Ou pelo menos deveríamos saber. Eu pelo menos sabia. Já contei por aqui que me mudei pra Curitiba bem no início de tudo e, se por um lado eu queria contar (e acho que as pessoas próximas queriam saber) sobre minha adaptação em Curitiba, por outro minha rotina não favorecia. Mesmo morando sozinha, levei a quarentena bem à sério, saindo somente para o trabalho ou supermercado, afinal, além de não querer adoecer, eu não queria carregar a responsabilidade de contaminar alguém. Mas se no início falava-se que o pico da doença seria em abril, a pandemia no Brasil foi conduzida de tal modo que o pico foi lá pra meados de junho e aí ficamos em um platô infinito, cujos primeiros sinais de alívio vieram somente entre setembro e outubro. Mas depois de 7 meses, uma quarentena rígida ficou insustentável e os primeiros sinais de queda nos números nos fizeram sentir que a situação estivessem mais tranquila, ainda que os números ainda fossem bem mais altos que em março e abril, quando ainda tínhamos medo. Já ouviram a história do bode na sala? Pois é...

Em setembro cheguei no auge do stress como fiscal de quarentena quando vi que amigos próximos e gente que levava a pandemia a sério não estava levando mais tudo tão à sério assim. Conversando com uma amiga, tão fiscal de quarentena quanto eu, entendi que chegara a hora de fazer pequenas concessões e de parar de carregar comigo a responsabilidade pelo vírus.

Mas não fui só eu que entendi isso. Os donos do Cosmos G/astrobar aqui em Curitiba também entenderam isso na mesma época que eu. Eles ficaram 7 meses fechados, por um tempo atendendo somente por delivery, não demitiram nenhum funcionário e ainda estiveram à frente do Fechados Pela Vida, um movimento do comércio local para conseguir ajuda financeira para sobreviver à pandemia. Depois de tanto tempo fechados, eles resolveram fazer uma abertura especial: a proposta é que as pessoas contassem uma boa história “de amor, de saudade, de superação sua com as pessoas que você ama”. Eis a minha história:

“Sou de Belo Horizonte, mas em dezembro soube que fui aprovada em um concurso em Curitiba. Foi a realização de um sonho! Estava saindo da casa dos pais, mudando de cidade, de estado, com mil planos, listas e roteiros de viagem! Até então só tinha pisado no sul do Brasil para fazer a prova e, na época, só tive a oportunidade de conhecer a Ópera de Arame. Uma amiga que veio comigo fazer a prova foi ao Cosmos, mas acabei não indo. Quando ela voltou, foi só elogios e, desde então, o bar entrou pra minha lista de Curitiba. Assinei contrato em janeiro e a previsão era pra começar em abril. Estava em um emprego temporário em BH até ser chamada aqui, mas aí veio a pandemia. Os temporários foram logo demitidos e tive que ouvir meu chefe gritando dizendo que eu não seria chamada. Pra minha surpresa, na segunda seguinte, dia 23/03, me ligaram. Na sexta, dia 27, me mudei. Voo cancelado, aeroportos desertos eu e duas malas. Deu tudo certo! Desde então foram quase 7 meses em casa e só vi o Jardim Botânico ao longe, da janela do trabalho. De Curitiba, só conheço o caminho de casa pro trabalho e pra casa da única pessoa que encontro aqui. Morretes, só vi pela tela da tv. Nem vou falar dos quase 7 meses sem pão de queijo de verdade! Foi uma mudança bem diferente da que eu planejava, mas reconheço meu privilégio de estar trabalhando e de não ter perdido ninguém pro virus e pra ignorância e, pessoalmente, só tenho a agradecer! Eu não tenho 4 pessoas pra encher uma mesa, mas adoraria recomeçar com vocês com o pé direito! #primeiramesadocosmos”

Vou pular a parte de como fiquei feliz em ter sido escolhido e da expectativa da primeira saída e vou direto pro Cosmos! Fomos recebidos pelo Henrique que levou até a mesa e cheguei lá tinha uma surpresa incrível! Além de vários cartazes de boas vindas, tinha uma cartinha e fizeram montagens (com minha foto preferida, diga-se de passagem) nos principais pontos turísticos de Curitiba: Ópera de Arame, Jardim Botânico, Bondinho da Rua XV, Museu Oscar Niemayer, Bosque Alemão e, claro, ali na frente do Cosmos! O Henrique, aliás, foi quem nos atendeu e ele foi incrível!


A comida do Cosmos é meio diferentona e, como eu sou uma chata pra comer (já melhorei bem, mas mesmo assim), o cardápio me assustava um pouco, mas sabia que aquela era me chance de comer umas coisas diferentes. Funcionou! Desde a entrada até a sobremesa, só fiz escolhas certeiras: de entrada, guioza e pão chinês, ambos de porco e com molho de ostra, depois um lámen vegano e, de sobremesa, um brigadeiro cósmico com raspas e licor de laranja. Estava tudo delicioso!


Guiozas, tradicionais pasteis japoneses recheados com porco, feitos na chapa à vapor com molho de ostra.

Nikuman (ou Baozi), pãozinho chinês com recheio de porco e especiarias preparado na frigideira à vapor e com molho de ostra.

Lámen no caldo à base de shoyu com shitake, salsão, milho, moyashi, bolinho de lentinha laranja e alga nori

Em relação ao Coronavirus, devo dizer que me senti super segura! Por enquanto só estão recebendo com reserva e número limitado de pessoas, as mesas estão afastadas e tem álcool em gel para as mãos em todas elas. Todos os funcionários estão usando máscara e face shield o tempo todo. O cardápio é online e pode ser acessado por um QR Code. Inclusive o pedido é feito pelo próprio celular, o que é super prático!

Enfim, foi uma noite realmente super especial! De brinde, ainda recebi várias mensagens carinhosas de curitibanos desconhecidos pelo Instagram, indo contra toda a fama que eles mesmos se colocam e até descobri uns parentes distantes! Não vejo a hora de poder encontrar pessoalmente com cada um deles. Semana passada, meus pais vieram finalmente me visitar e fiz questão de levá-los lá! 

Obrigada, Cosmos, vocês são incríveis!!



Comentários

  1. Nossa!! Preciso urgente voltar no Cosmos! As fotos me deram água na boca!

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