Coisas que ninguém te conta sobre morar na Disney!

Trabalhar na Disney é um sonho! A cada ano mais pessoas descobrem o programa e se inscrevem para participar, o que deixa o processo cada vez mais concorrido, e estar lá é uma verdadeira vitória e uma alegria sem fim! Podemos ir aos parques de graça e quantas vezes quisermos, tiramos fotos maravilhosas com os personagens, na frente do castelo da Cinderela, fotos de comida gostosa, com um monte de amigos que parecem até amigos de infância! Aliás, frequentemente viram mais amigos que nossos amigos de infância!

Perfeito, né? Nem tanto. Chegando lá, porém, preciso admitir que nem é perfeito igual mostramos (eu também fiz isso, por que não?) nas redes sociais! No meu programa, especificamente (15/16), vi muita gente reclamando que o programa não era como eles esperavam, que ninguém tinha contado o “outro lado” pra eles. De fato, quando chegamos a saudade é tanta que mal lembramos dos momentos difíceis, mas eles existem sim! Resolvi contar, então, essas coisas que ninguém conta, pra depois não falarem que não avisamos! Hahaha!

O processo seletivo por si só já é uma coisa sofrida. Entre a primeira palestra e o resultado final foram cerca de 4 meses (que parecem uma eternidade) e nesse meio tempo, além de uma série de documentos que precisamos providenciar, tem a preparação para as entrevistas, a espera pelos resultados da primeira e segunda fase, e uma ansiedade sem fim! Depois tem a ansiedade pela chegada da documentação, para o visto, pelo embarque... Mas a primeira coisa que nem todo mundo sabe é que a Disney escolhe a data do nosso programa, escolhe o dia que temos que estar lá e que temos que ir embora e não tem como mudar! Se você, por algum motivo, não pode ir nas datas determinadas por eles, tem duas opções: ou tenta se adequar ou desiste. Isso traz mais um problema: embora seja um programa de férias, frequentemente as datas do programa não coincidem de fato com as férias. Mais uma vez, ou você se adapta ou desiste. Já vi muita gente desistindo por causa disso, mas a maioria das pessoas faz de tudo pra se adaptar e vale muito a pena! O que costuma-se fazer é negociar com a faculdade ou com os professores para adiantar provas e trabalhos e, por mais difícil que essa negociação possa ser, quase sempre funciona. É lógico que não é fácil fazer mil provas na véspera (na véspera mesmo!) da viagem, mas, mais uma vez, vale a pena! Em último caso tem gente que abandona ou tranca a matéria. Aí vai de cada um...



Ufa! Conseguimos! É hora de embarcar para a tão sonhada viagem! No dia do check-in na Disney descobrimos onde e com quem moraremos. E aí podem vir mais surpresas: seus roomates (aqueles que moram com você) podem ser todos brasileiros, ou todos americanos, ou de um monte de lugares diferentes. Se isso é bom ou ruim, só chegando lá pra saber... De modo geral eu não tive problema com as meninas do meu apartamento, que eram todas brasileiras, mas sei de gente que morou com gente neurótica com limpeza e um grão de arroz no fogão era motivo pra brigas terríveis! Mas também sei de gente que morou com gente tão porca que não dá nem pra acreditar, que deixavam vasilhas por dias com restos de comida na pia ou no fogão, ou até coisa pior! Tem também os ladrões de comida, aqueles que ocupam toda a dispensa/geladeira e aqueles que, só porque chegaram antes, acham que mandam no apartamento e querem impor um monte de regras. Acontece. Tinha apartamento com três roteadores porque as pessoas não queriam dividir... Em relação à comida, eu e as meninas do meu quarto, Maca e Camis, dividíamos algumas coisas como ovos, pão de forma, cream cheese, tempero, carne, etc. Mas aí cada uma comprava as coisas mais específicas que comia, e deu super certo!

A Disney oferece quatro condomínios para morarmos e eu morei no Chatham Square que era minha primeira opção, porque tinha o apartamento mais barato! Fiquei super feliz quando eu caí lá! Vivendo o dia-a-dia, porém, a gente começa a ver os problemas. Lembrando que nenhum condomínio é perfeito, mas como morei no Chatham, posso falar dele. Em primeiro lugar, o ponto de ônibus, apesar de ficar bem em frente ao condomínio, ficava do lado de fora dele e então tínhamos que mostrar a ID pra entrar no condomínio. Isso era um problema porque quando chegava do trabalho morta em plena madrugada tinha que enfrentar fila pra apresentar ID. Ou quando chegava do supermercado cheia de sacola também tinha que preocupar com ID. Pra facilitar a vida eu comprei um porta cartão exclusivo para a ID que coloquei na minha lanyard, aquele cordão que eu deixava dependurado no pescoço, onde ficavam todas as minhas coisas. Por fim, o ponto de ônibus fora do condomínio dificultava a entrada de pessoas de outros condomínios depois do horário permitido, que era 2 da manhã! É ilusão pensar que não fazemos festas nos apartamentos ou encontros com os amigos que duram a noite inteira... Nesse caso, se alguém trabalhasse até tarde e quisesse ir depois, não dava. Na primeira festa que fizemos no nosso apartamento a security do condomínio apareceu pra acabar com a festa e a Maca, por algum motivo, acabou ficando como a responsável pelo nosso apartamento. Ela e todos aqueles que eram de outros condomínios (já tinha passado de 2h) levaram Verbal Warning. Isso fica registrado no sistema e, em princípio não tem consequência nenhuma, mas se acontecer mais vezes pode trazer problemas...

Entrada do Chatham e nossa amada security...

Outra coisa: eu morava no apartamento 30303 e eu adorava o fato de o número do meu apartamento ser um palíndromo, mas isso significa que eu morava no apartamento 3 do terceiro andar do prédio 30. O último apartamento do último andar do último prédio do condomínio. Do meu apartamento até o ponto de ônibus dava uns 7, 8 minutos de caminhada num passo tranquilo. Não é muito, no meu dia-a-dia eu andava e ando MUITO mais que isso, mas esse caminho parecia interminável quando eu estava atrasada, ou quando eu chegava do trabalho cansada, com frio, morrendo de dor no pé, com vontade de ir ao banheiro! Também por isso, a Camila foi só uma vez na portaria buscar o aspirador de pó e ninguém nunca mais foi. Além disso, no Chatham só tem lavanderia em alguns prédios e, obviamente, ficava longe do meu. Mais uma vez não era nada absurda a distância, mas considerando que tinha dias que estava mega frio, sair andando pelo condomínio com uma sacola pesada de roupas era bem chato. Conclusão: já lavei meias à mão na pia do banheiro ou no banho e, acreditem, isso é mais comum do que vocês pensam! Por fim, o Chatham também não era tão perto de supermercado ou lugares pra comer, precisávamos pegar ônibus pra isso. A solução? Dominos. Dividíamos a maravilhosa pizza com molho de parmesão e alho com bacon entre 4, 5 pessoas e ficávamos felizes! Pedíamos pelo computador, entregavam na porta de casa e era uma facilidade e tanto! E nosso amor por essa pizza era infinito! Mas já passei fome por preguiça de sair de casa, e talvez graças a isso consegui emagrecer no programa!



Sobre o nosso apartamento especificamente: tinha carpete, o que era péssimo pra nós que temos alergia, mas acostumamos. Nosso triturador da pia quebrou e nunca consertamos, o chuveiro do meu banheiro tinha uma vazão péssima (o outro era melhor) e como éramos três por quarto, tinha beliche.  Eu dormia na cama de solteiro, mas ao contrário do que dizem o meu colchão era super confortável e aparentemente o das meninas também. E outra coisa boa: nenhuma das camas era barulhenta!

De modo geral, a minha adaptação foi bem fácil, até porque já fiz outros intercâmbios antes e já estou acostumada. Uma coisa que observei foi que não senti tanta falta de arroz e carne quanto senti quando cheguei na Itália. Na primeira ida ao Walmart comprei um pacote de arroz e compramos macarrão, ovo, peito de frango e carne moída. Aos poucos percebi que cozinhar era uma ilusão. Primeiro porque frequentemente ou não tinha tempo ou estava cansada demais pra isso. Segundo porque a carne acabava rápido e eu ia ao supermercado o mínimo possível. Claro, já aconteceu de eu fazer um almoço gostoso antes do trabalho, mas quando não dava eu comia no backstage do Magic Kingdom mesmo. Lá tem um refeitório pros cast member com microondas, talher, guardanapo etc. e algumas lanchonetes, desde Subway até lojinha de Donuts, comida tipo self-service (que nunca comi), sanduíche, frango-frito, pizza... A vantagem é que lá era barato. Eu comia ou frango frito ou cheese quesadillas, sempre com batata-frita acompanhando. Eu curtia, mas depois de um tempo estava enjoada e pegava cachorro-quente ou só batata-frita. Depois do trabalho eu ficava tanto tempo sem comer que nem fome sentia mais. Além disso, mesmo que eu tivesse fome, eu chegava completamente sem forças pra preparar alguma coisa pra comer. Quando a Maca estava em casa e acordada ela me obrigava a comer alguma coisa e às vezes preparava uma coisinha pra mim! Melhor pessoa! Chegou uma hora que também virei adepta do famoso Maccaroni and Cheese. Tipo um miojo com um “queijo” industrializado que parece radioativo de tão amarelo. Mais industrializado impossível. Gostosinho, porém. A vantagem é que bastava colocar no microondas por três minutos e ficava pronto. Perfeito pra comer depois do trabalho! O fato é que eu definitivamente não tive força de vontade pra comer e muito menos comer bem.

Primeira ida ao Walmart
Geladeira farta! Sqn...
Sem contar o trabalho! O trabalho na Disney é uma delícia, mas não é nada fácil... Mas deixarei isso para o próximo post!

Comentários

  1. Muito massa o texto! Não é só conto de fadas a disney!

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    1. É verdade, Gus! Pra quem vai visitar, eu até diria que sim, mas pra quem mora lá e tem que enfrentar os perrengues do dia-a-dia nem tanto! Abraço!

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  2. E assim, um grande aprendizado de valor à vida, não é mesmo? Valor de nossa capacidade de superação e de sermos felizes mesmo quando as sombras resolvem passar por nossas vidas!! This is a life!! ����

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    1. Com certeza! São esses apertos que trazem aprendizado e que fazem dessas experiências tão incríveis!

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  3. ta foda ler esse seu blog paulinha! sdds chatham :(

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    1. Nu, Marcos, nem fala!! Com todos os problemas do nosso Chatham, eu dava tudo pra voltar! Mas que seu ap era mais perto da entrada e das máquinas de lavar, isso era! Hahaah!

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