A chegada no aeroporto: perdendo o voo!

No dia seguinte acordei e ainda estava escuro. Me arrumei, terminei de fechar as malas e desci pela última vez os quatro andares da casa onde fiquei. O taxi já estava me esperando. No celular, uma mensagem do Ju me desejando uma boa viagem. Uma mistura de tristeza e alegria novamente tomavam conta de mim. No caminho até o aeroporto observava aquela paisagem que via todo dia pela última vez: a ponte, a ladeira que tantas vezes desci, Primark, o hipódromo...

Depois de alguma conversa com o taxista havíamos chegado ao nosso destino. Com muita dificuldade consegui levar minhas malas, que não estavam nada leves, ao guichê da AirFrance. Fiz meu check-in e me livrei delas, ficando apenas com a mochila que também não estava leve. Por um erro da companhia, tive que pagar excesso de bagagem e, pra não pagar ainda mais, tive que tirar 1kg de coisas da mala e colocar na mochila. Eu ainda tinha 13£ que não me serviriam pra mais nada. Comprei um adaptador de tomada e uma caneca numa lojinha do aeroporto. Eu não poderia voltar pra casa sem uma caneca! Segui, então, para a sala de embarque, passei pelo raio-x que apitou (tive que tirar os sapatos e passar novamente), localizei meu portão de embarque e me diriji a ele. Não tinha nenhuma fila, então sentei em umas cadeiras próximas, onde estavam algumas pessoas, para esperar que meu voo para Paris fosse chamado. Depois de alguma espera vi que uma fila se formou no portão ao lado. Seria a fila para o embarque no meu voo?!

Saindo de casa pela última vez...

Seguindo para a sala de embarque



Levantei para ver de qual voo era. Bruxelas. Horário: 07:10. Meu voo havia saído há 20 minutos e eu havia ficado para trás!! Desespero. Perdendo esse voo eu também perderia meu voo Paris-Rio!!! Sai correndo refazendo todo percurso que fiz até chegar novamente ao balcão da AirFrance. Dei meu nome, disse que perdera o voo e a resposta veio rapidamente: "Yes, you did." Tamanho foi meu desespero que mal conseguia chorar. A atendente me disse que fui chamada no alto-falante mas, talvez pela pronúncia diferente, não ouvi ou não entendi que se tratava de mim. Fui ao balcão de atendimento onde me disseram que minha única opção seria ficar um dia em Bristol, um dia em Paris, um dia no Rio e então ir para Belo Horizonte. Lembrei que o quarto onde passara o mês seria ocupado naquele mesmo dia, não tinha como eu voltar pra lá. Eu estava sem dinheiro, sem ter pra onde ir e sem conseguir ligar a cobrar para o número de emergência da escola ou para os meus pais. Lembrei da caneca que tinha comprado. Ela era meu último recurso. O adaptador eu já tinha aberto. Fui direto para a loja onde os tinha comprado, expliquei minha situação e pedi para devolver. O vendedor, mesmo sem muita boa vontade, acabou devolvendo meu dinheiro. Foram as 8£ que me salvaram! Liguei imediatamente para os meus pais. O telefone da minha mãe estava desligado, meu pai não atendeu. Eram 3h da manhã no Brasil e eles estavam dormindo. Eu não sabia o que fazer e não conseguiria fazer nada até falar com eles! De volta ao balcão da Air France fui informada que teria um outro voo no qual eu poderia embarcar, mas era na terça feira. Seria o mesmo voo que eu teria pegado originalmente. Meu desejo de ir embora era tão grande que a última coisa que eu queria era passar três noites ali. Qualquer coisa seria melhor do que isso. Tentei novamente ligar para os meus pais que finalmente atenderam. Eu tentei ligar com o cartão de crédito mas não estava conseguindo. A ligação era terrivelmente cara e eu tinha pouco dinheiro pra fazer o telefonema. Contei rapidamente tudo o que tinha acontecido e perguntei o que fazer. Minha mãe falou pra ficar em Bristol. Além de não ter onde ficar em Paris eu não falo quase nada de francês e passar uma noite lá seria loucura. Não deu tempo de falar mais nada e tive que desligar.

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