Vamos falar de economia?
Quando as pessoas
ficam sabendo do meu intercâmbio na Disney, uma pergunta quase inevitável é em
relação ao custo, especialmente agora que o Dólar está custando cerca de R$4.
De fato, agora não é a melhor época, financeiramente, para uma viagem ao exterior,
mas se observarmos bem, gastamos com tanta coisa supérflua que talvez seja uma
questão de foco. Dia desses compartilhei no meu Facebook um post do 360 Meridianos no qual o Rafael falava sobre a opção de não ter carro e sobre o
quanto economizou com isso e me identifiquei com a história.
A história do meu
carro
Quando tirei carteira de motorista,
tive a sorte de ganhar um carro dos meus pais. Já era um carro bem rodado, mas
cumpria muito bem o papel de me levar pra onde eu precisava, e era um conforto
enorme! Nos dias de calor, ia e voltava da faculdade no ar condicionado. Apesar
de morar longe, em meia-hora fazia meu trajeto. Na época, carregava sempre um
milhão de coisas e o carro facilitava muito! Facilitava minhas idas ao
supermercado, facilitava minhas saídas com os amigos... E facilitava as amizades, já que sempre gostei de dar carona! Acontece que eu decidi
fazer meu intercâmbio pra Itália, um sonho de muito tempo, e não teria como
bancar essa viagem. Ganhei a passagem, trabalhei muito, mas, no fim das contas,
o que eu consegui juntar não me sustentaria por mais de um mês. Desde o início,
porém, estava consciente de que teria que vender o carro: primeiro pra pagar a
viagem, segundo porque não fazia sentido deixá-lo parado só dando despesa.
Antes de viajar, tinha
decidido fazer um curso de professores de italiano em Perugia e precisava pagar
o curso antecipadamente. Também precisava pagar o meu primeiro mês da
residência universitária onde fiquei em Siena. Fui ao banco fazer as
transferências e, além do valor previsto, tive que pagar mil taxas, então saiu
caríssimoo! Lembro que eu estava preocupada, sem saber se eu conseguiria pagar, quando, descendo as escadas
do banco, recebo um telefonema: eu tinha deixado meu carro na oficina e era o
mecânico falando que precisou trocar uma peça e, somando com todas as outras
coisas ficaria R$800. Bateu aquele desespero: como eu pagaria tudo isso? Sentei
por ali e comecei a chorar. Fiquei com medo de estar dando um passo maior que
minhas pernas e não dar conta de bancar a viagem. No fim deu tudo certo, com o
valor da venda do meu carro consegui pagar a viagem toda e ainda sobrou um
pouco!
No meu último dia de
viagem, prometi a mim mesma e a alguns amigos que voltaria para a Itália em
julho de 2016 (e continuo firme nesse propósito). Chegando no Brasil, muita
gente me perguntou se eu compraria outro carro... Considerando as despesas que
eu tinha com o próprio carro, seguro, gasolina, manutenção etc. achei que não
valeria a pena. Ou eu compraria outro carro ou viajaria mais. Pensei: se tanta gente vive sem carro, por quê não posso ser
uma delas? Resolvi testar e foi a melhor coisa que eu fiz, ainda que o conforto
faça falta.
Mas e a Disney?
Embora eu soubesse há algum tempo que existe o programa de intercâmbio da Disney, eu nunca tinha cogitado, de fato, fazê-lo. Isso porque eu sabia que se trata de um programa caro e nem meus pais, e muito menos eu, tínhamos como bancá-lo. Pouco mais de 1 mês
depois de voltar da Itália, sabendo que havia sobrado algum dinheiro e considerando que eu já estava trabalhando, resolvi tentar o processo seletivo. Eu sabia que teria que pagar pelo programa e ter carro foi ficando cada vez mais
inviável. Mas, como eu já disse, é uma questão de prioridades e a minha era (e acho que sempre será) viajar.
Já falei um pouquinho sobre os custos da viagem, mas atualizo:
Já falei um pouquinho sobre os custos da viagem, mas atualizo:
- Custos de deslocamento para a primeira fase, caso necessário (transporte, hospedagem, alimentação, etc.)
- Custos de deslocamento para a segunda fase, em São Paulo, caso necessário (transporte, hospedagem, alimentação, etc.)
- USD150: Assessement Fee (Basicamente, é uma taxa que garante que você não vai desistir de participar do programa em cima da hora)
- USD200: Duas primeiras semanas de acomodação. A partir da terceira semana o aluguel varia entre USD88 a USD108/semana que são descontados diretamente do contra-cheque. Lembrando que é obrigatório a hospedagem nos condomínios da Disney.
- R$25: Antecedentes criminais
- USD160 + USD35: Visto (J1)
- Custos de deslocamento para o visto, caso necessário (transporte, hospedagem, alimentação, etc.)
- USD400 (aproximadamente): dinheiro para se manter até o recebimento do primeiro salário, na terceira semana.
- Passagem aérea
- Seguro saúde, HTH, que é oferecido pela Disney e é obrigatório (o mais barato sai por USD88/mês)
6 a.m. indo pro Rio tirar o visto! |
Como
estou fazendo então pra bancar um programa tão caro?
- Trabalhando muito. Estou dando aula em dois lugares e dando várias aulas particulares, em todos os turnos.
- Andando muito. Comecei a andar mais a pé, de modo que economizo o dinheiro do transporte e gasto calorias! As distâncias têm ficado menores e ir andando pra certos lugares já nem me parece mais tão absurdo assim. Parece miséria, mas com minhas caminhadas economizo pelo menos R$80 por mês.
- Quando não dá, dou preferência pra ônibus. Melhor ainda se tiver que pagar só uma passagem, ainda que eu tenha que completar o percurso andando. Mas, caso necessário, usando o cartão de ônibus tenho desconto de 50% na segunda passagem.
- Taxi, só em último caso. Geralmente de madrugada. Costumo dar preferência para o Uber, cuja tarifa é mais barata, mas tenho no celular todos os aplicativos (EasyTaxi, 99Taxis, WayTaxi) que de tempos em tempos oferecem um desconto que vale a pena.
- Comendo em casa. Eu amo comer fora e raramente recuso um convite, mas preciso mesmo gastar esse dinheiro quando estou sozinha? Meu macarrão é uma delícia e sai bem mais barato! Além disso, por que gastar R$2,20 comendo na faculdade se posso tomar meu café da manhã em casa?
- Cancelei todas as propagandas que recebia por e-mail, para evitar compras por impulso. Sim, eu fazia com frequência compras pela internet. E por impulso.
- Não vou ao salão. Só pra cortar cabelo, porque aí não tem jeito... Mas fora isso, cuido das unhas, sobrancelhas, etc. sozinha em casa!
- Prioridades. Sem dúvida essa é a palavra chave. Tudo bem, eu estava MESMO precisando daquela bota, mas será que eu preciso mesmo daquele óculos de sol que eu quero tanto? Preciso mesmo comprar um caderno novo pro semestre sendo que sei que não usarei nem 10 páginas? Preciso mesmo de outra blusa de frio sendo que eu sou super calorenta? Preciso mesmo comprar aquele livro sendo que eu tenho vários que nunca li? Eu preciso mesmo sair todos os dias? Ficar em casa numa sexta-feira não é tão ruim assim...
O fato é que se colocarmos no papel o custo dessas pequenas despesas, veremos que a médio/longo prazo gastamos muito dinheiro! Mas com um pouco de planejamento é possível sonhar um pouco mais alto e pagar aquela viagem que parece tão longe!
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