Voltando à Itália
No dia seguinte ao meu
turismo em Paris voltei pra Itália. Como o meu voo era só às 18:20 acordamos
com calma, passamos no supermercado e almoçamos. Depois o namorado da Alice fez
uma gambiarra sensacional pra consertar a alça estragada da minha mochila e eu
prendi a outra alça com uma fitinha pra que ela não caísse o tempo todo. Isso
facilitou minha vida imensamente! A Alice e o Quentin me deixaram no metrô e
segui sozinha até o aeroporto. Foram dois metrôs e um ônibus, mas não tive grandes
problemas, o trajeto era bem fácil e dessa vez pude colocar a mochila nas costas...
Acreditem, essa fitinha é forte! |
Chegando no aeroporto
a vida continuava bem mais fácil do que na ida. O ônibus parou perto do
check-in, o saguão estava bem vazio, peguei um carrinho de malas sem precisar
pagar e já despachei minha mala de mão. Subi direto pro embarque e a fila
estava enooorme, mas como eu me programei pra chegar com antecedência, não tive
problema com isso. Eu deixava a mochila apoiada no chão, então ela também não
foi um problema. Cheguei na sala de embarque uns 10 minutos antes de liberarem
o embarque no avião, deu até tempo de sentar e fazer um criptograma, mas fiquei
atenta pra não perder meu voo como aconteceu em Bristol. Na hora de entrar no
avião mudaram minha poltrona, mas acredito que por uma questão de
balanceamento. Esse voo também estava vazio e de novo viajei sem ninguém ao meu
lado. O avião saiu pontualmente e o voo foi super tranquilo.
Quando comprei minha
passagem pensei em descer em Pisa, vir pra Siena passar uma noite aqui, lavar
algumas roupas, refazer a mala e tal. MAS eu esqueci do detalhe que a
residência universitária onde eu estava ficaria fechada nesse período de natal. Quando me dei conta disso,
olhei preço de hotel e tal, mas vi que no fim das contas valia mais a pena
pegar um trem de Pisa direto pra Roma. Comprei a passagem com bastante antecedência e
ainda consegui uma promoção pra viajar de primeira classe pelo preço da
segunda. Calculei o tempo e vi que teria mais ou menos 1h entre a minha chegada
em Pisa e pegar o trem. O ônibus que leva do aeroporto à Estação Central
passa a cada 10 minutos, o trajeto dura aproximadamente 8, então achei que era
um intervalo bom. Só não contei com algum possível atraso no voo, como aconteceu na ida, o que me
deixou meio tensa. Como no fim deu tudo incrivelmente certo, fiquei bem mais tranquila.
O meu trem chegaria em
Roma às 22:55. A Marcela me encontraria na Estação Termini e iríamos pra casa
juntas. Ela tinha até feito um macarrão pra me receber!
Cheguei em Pisa pontualmente, já tinha
comprado meu bilhete pro ônibus, fui direto pegá-lo e cheguei na Estação Central onde
pegaria o ter pra Roma meia-hora depois. Tudo lindo! O ônibus do aeroporto nos deixa
na última plataforma e aí fui andando e procurando em cada plataforma o meu
trem. Não vi nada. Pensei que, como eu ainda estava um pouco adiantada, podia ser
isso. Acontece que estava tudo dando certo demais. E quando se trata de mim, de viagem, de aeroporto, trem, etc. a vida nunca pode ser fácil.
Cheguei no saguão da Estação, olhei o meu trem no painel de partidas e
constava um “SOP” na coluna que indicava possíveis atrasos nos trens. Fiquei
meio sem saber o que era aquilo e fui ao balcão de informações perguntar.
Decobri que “SOP” é a abreviação de “soppresso”. “Ou seja?” perguntei.
“Cancelado” o atendente respondeu. QUEEEEEEEEEEE?????? Ele então me disse que
teria um ônibus pra levar os passageiros até Roma, mas como o trem vinha de Gênova,
o ônibus também vinha de lá e por isso teríamos que esperá-lo. A previsão era
sair de Pisa às 22:30. Mais umas 3h de viagem. OI????? Mas se eu quisesse eu
poderia trocar minha passagem pra pegar o trem no dia seguinte. Mas como o
setor responsável por isso já estava fechado eu só poderia fazê-lo no dia seguinte
e sem garantia porque o trem podia estar cheio ou sei lá. OI??????????
Acontece que, por essas
questões da vida, bateu um certo desespero, que é bem raro se tratando de mim. Eu passaria a noite onde??? Eram
umas 20h, eu não podia sair procurando hotel sozinha e nem pretendia gastar com isso.
Chegar em Roma 01:30 da manhã e viajar de ônibus também não fazia parte dos
meus planos: não era primeira classe, demora, e eu ainda passo mal
eventualmente. Mandei mensagem pra Marcela que me ligou e disse que me
esperar, que não tinha problema chegar tarde e tal. Mas eu realmente já estava
cansada, ainda teria que esperar mais de duas horas, a estação tava super
vazia, estava frio...
Sentei no banquinho gelado do meio da estação e me veio
uma vontade de chorar. Mas aí respirei fundo, e não deixei o desespero tomar
conta. Passar a noite em Pisa realmente não dava. Vi que tinha trem pra
Livorno, pensei em ligar pra minha professora que mora lá e tem sido super
atenciosa comigo e pedir abrigo. Mas pensando de forma prática, com todas
aquelas malas ter que pegar mais um trem e depois voltar pra Pisa no dia
seguinte cedo, fazê-la me levar na estação em pleno 31 de dezembro não me
parecia muito prático e, mais do que isso, parecia muito incerto. Acho que eu
teria que encarar o ônibus mesmo.
Eu já estava com fome,
tinha comido só chocolate desde que tinha saído da França, e eu ainda teria um longo caminho pela frente. Saí
da estação, estava tudo bem deserto. Vi alguma coisa aberta mas estava longe
demais pra eu ir sozinha com minhas malas. E o medo? Na estação tinha um Mc
Donald’s e, embora eu não goste muito, não tive escolha. Fiquei sentada lá até
que fechassem, sem conseguir comer tudo. Não desceu. Quando fecharam, voltei pro banquinho
gelado e fiquei lá até umas 22:15 quando voltei pro posto de informações e
descobri onde deveria pegar o ônibus, que já estava esperando. Na hora de
entrar no ônibus alguém perguntou quanto tempo demoraria a viagem. “5 horas”
respondeu alguém da empresa e, diante da cara de susto de todo mundo, ele
completou “mas podemos tentar fazer em três!”. Alívio. Me acomodei em uma
poltrona qualquer e felizmente ninguém sentou do meu lado. Coloquei a mochila
ali e de tempos em tempos a usava como apoio. Dei umas cochiladas, mas cada vez
que acordava, percebia que não tinha passado mais do que 20 minutos. E então eu
demorava mais um tempão pra “cochilar” outra vez e não ficar mais do que 20 minutos deitada. Pra piorar estava frio. Bem
frio. Eu estava com todos os meus casacos, luvas, coisas no pescoço e sentindo
frio.
A viagem foi interminável. De repente eu tive a ideia de acompanhar pelo
Google Maps a nossa localização pra ir falando pra Marcela, e quanto mais eu olhava mais eu tinha certeza
de que a viagem duraria bem mais do que três horas... E a Marcela me
esperando...
01:34 e ainda estava na metade do caminho... |
Termini deserta... |
Comentários
Postar um comentário
Sejam bem-vindos!
Fiquem à vontade para deixar comentários, críticas ou sugestões!